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Sustentabilidade.

Sustentabilidade em Ação: a importância do uso de espécies nativas no paisagismo

Uma região com 30 mil espécies, a Amazônia é o repositório de serviços ecológicos do planeta. O Cerrado é fundamental para a manutenção do equilíbrio hidrológico. Sozinha, a Mata Atlântica reúne cerca de 35% das espécies do país. Isso é apenas uma parte da gigantesca biodiversidade dos biomas brasileiros, um dos países mais ricos em natureza no mundo. Mas isso se reflete no paisagismo?

Em muitos casos, não. Há um paradoxo: no país mais biodiverso do planeta, 90% da vegetação usada em paisagismo é de origem estrangeira. “Num mundo civilizado, o paisagismo já tem um viés muito forte na funcionalidade e na sustentabilidade. Aqui no Brasil a gente ainda continua vendo a planta como um objeto de decoração desconectado de valores ecológicos e culturais”, reflete o paisagista Ricardo Cardim, da Cardim Arquitetura Paisagística.

Por outro lado, foi justamente a partir dessa percepção, da variedade biológica existente por aqui, que muitos profissionais têm buscado trazer espécies nativas para a cidade – mais especificamente para seus projetos paisagísticos. Um esforço em promover a sustentabilidade e o equilíbrio ecológico nos centros urbanos. Cardim, que é ativista de longa data por cidades mais verdes e sustentáveis, acredita que reside aí além de uma oportunidade, uma grande responsabilidade.

Ricardo Cardim – Botânico e Paisagista

Vegetações nativas: cultura e ecologia

Ao trazer vegetações nativas para as cidades, além do aspecto ecológico, há ainda um impacto positivo na questão cultural. Isso porque o paisagismo cria uma oportunidade para que as pessoas convivam com a paisagem original e com as plantas da região. Assim elas podem criar um vínculo de beleza, de  apreço, de compreensão – o que vai refletir na preservação dos remanescentes fora da cidade. 

“Afinal, se as pessoas começam a entender aquilo como importante, como bonito, como valorável, elas vão preservar também o que está fora (da cidade), já que é a mesma coisa”, explica Cardim, que também é mestre em Botânica. Sua técnica Florestas de Bolso da Mata Atlântica atua justamente para disseminar essa consciência. Com ela, mutirões desenvolveram pequenas florestas por São Paulo para trazer a vegetação nativa de volta à metrópole.

A cidade do futuro alia o passado ao presente

O reequilíbrio ecológico é um dos mais importantes ganhos do uso de espécies nativas. Ao trazê-las aos centros urbanos, cria-se condições para a restauração da biodiversidade da cidade e, com isso, a volta dos pássaros e a dispersão de sementes, por exemplo. Uma ferramenta que pode ser chave para promover a sustentabilidade.

“A cidade do futuro é aquela cidade que harmoniza a paisagem ancestral natural, de antes da chegada do homem europeu, com a vida moderna e o conforto que a gente demorou séculos para conquistar”, resume o paisagista.

Por mais que o uso de vegetação nativa no paisagismo no Brasil ainda esteja dando seus passos iniciais neste processo de resgate e valorização do que esteve em cada região antes de nós, grandes empresas e a mídia têm tido mais interesse pela questão – o que é um sinal de bons ventos nessa direção. “Ele depende da educação, do conhecimento, e é um caminho sem volta”, defende Cardim.

O paisagismo que coloca a natureza como ponto central da vida

Viver na cidade não precisa significar perder a proximidade com um elemento tão essencial para o bem-estar. Por aqui, trouxemos Cardim para pensar o paisagismo do Noar, nosso novo empreendimento, como compromisso à nossa missão de (re)conectar pessoas à natureza. 

O grande desafio foi encontrar mudas das espécies, já que os viveiros tinham, majoritariamente, espécies estrangeiras. Ainda assim, conseguimos chegar a um projeto com 100% das espécies nativas da região.

Quer saber mais sobre o Noar? Confira os detalhes aqui.

Noar

Continue sua leitura

Caso queira continuar a ler sobre o assunto, recomendamos algumas obras:

Remanescentes da Mata Atlântica – Ricardo Cardim

Guia ilustrado para identificação das plantas da Mata Atlântica – Thiago Bevilacqua Flores, Gabriel Dalla Colletta, Vinicius Castro Souza, Natalia Macedo Ivanauskas, Jorge Yoshio Tamashiro, Ricardo Ribeiro Rodrigues